Bets buscam mais parcerias com seguradoras no mercado brasileiro

jpjunior
fevereiro 23, 2025
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Inteligência Artificial e bets - seguros

As operadoras de apostas esportivas, jogos on-line e cassino devem buscar a proteção de produtos e serviços de seguros para ratificar o crescimento contínuo do setor e a sua consolidação no País. A recomendação é da Associação Brasileira do Jogo Positivo (AJP), fundada pelo advogado Filipe Alves Rodrigues e referência em Compliance, Governança e Integridade no Esporte. A AJP funciona nos moldes de um think tank, combinando ações diversas para promover o jogo consciente e responsável dos apostadores, além de contribuir com recomendações em prol da sustentabilidade de seus players e da solvência de suas operações.

Executivos da entidade, em ação conjunta com seguradoras e corretoras, já mapearam algumas modalidades que deverão estar presentes no relatório de seguros indicados para as operações das bets. Inicialmente, destacam-se entre as proteções necessárias, as que miram os riscos cibernéticos e modalidades afins de Responsabilidade Civil. Importante ressaltar que a Lei 14.790/2023, que regulamentou o setor no País, exige que as empresas em operação estejam sediadas no Brasil, o que amplia a necessidade de outra proteção referente a eventuais danos aos patrimônios físicos das empresas, como as coberturas de incêndio, explosões etc.

A entidade quer, no melhor dos cenários, incentivar as seguradoras a oferecerem seguros compreensivos específicos para as operadoras de apostas, jogos e cassino seguindo a trilha de outros setores que já contam com pacotes de coberturas dedicados, ao reunir coberturas
básicas e facultativas.

Oriundo do setor segurador, o secretário-geral da AJP, João Lucas Papa, comenta que o objetivo é inserir as seguradoras na operação da indústria gambling e, assim, proteger apostadores, operadoras e profissionais do setor. “A cooperação entre a indústria gambling e o setor
segurador é bem-vinda e estratégica. Sabemos da importância de contratar seguros, sobretudo para uma operação nacional que tem a perspectiva de gerar mais de 100 mil empregos e atingir R$ 200 bilhões de receita”, assinalou. Papa acrescentou que ainda são raras
as operadoras que possuem seguro, seja de Linhas Financeiras, Garantia, D&O, E&O ou até mesmo os que oferecem proteções aos colaboradores das empresas.

Além de produtos e serviços de seguro que podem ser criados especificamente para a indústria gambling, um grupo de trabalho da AJP vai estudar a viabilidade de seguros para proteger o apostador e a sua saúde mental. “Estamos montando um GT para discutir e aprofundar nossas ideias”, completou. O segmento da Capitalização, por exemplo, já é utilizado pelas operadoras para a promoção do setor de bets, e o objetivo da AJP é ampliar sua presença no modelo de negócios, com a oferta de produtos customizados.

Acredita-se que, a partir da depuração do mercado das bets, fruto da nova regulamentação que expurgou grupos sem solidez ou mesmo fraudadores, o segmento terá o caminho aberto para uma expansão sólida nos próximos anos, sobretudo com a contratação de seguros. “As
empresas de apostas esportivas, jogos on-line e cassino precisam cumprir uma série de exigências para estar em compliance com a legislação, inclusive com investimentos tecnológicos na casa de bilhões nas searas de criptografia de dados, na segurança da movimentação financeira, em KYC etc.”, lembra Papa.

Os números do setor de bets são promissores para a prospecção das seguradoras. Até 1o de janeiro de 2025, a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), vinculada ao Ministério da Fazenda, autorizou 14 empresas para explorar 30 sites, em caráter definitivo, e outras 52 de forma provisória. Isso significa que um total de 66 empresas aptas a atuar em território nacional. Levando-se em conta que cada empresa autorizada pode explorar até três marcas, o mercado de jogos esportivos poderia contar com 198 sites credenciados.

No ranking global, o Brasil é líder mundial em acessos a sites de apostas, jogos e cassino, responde, atualmente, por 25% dos acessos globais com mais de três bilhões de acessos no período de 2022, segundo a AJP. Em 2025, acredita-se que o setor deverá pagar, em média, R$ 20 bilhões em tributos por ano, e a geração de empregos, sobretudo de perfil tecnológico, é outro efeito positivo da regulamentação. Como citado pelo secretário-geral da AJP, estima-se a criação de até 100 mil empregos diretos e indiretos pelas operadoras de apostas, jogos e cassino nos próximos anos.

A regulamentação das bets abre caminho para campeonatos de futebol mais equilibrados, tendo em vista os generosos patrocínios aos clubes. No ano passado, 19 dos 20 clubes que disputaram a série A do Brasileirão foram patrocinados por operadoras de apostas, jogos e
cassino, superando R$ 630 milhões de verba publicitária, quase 90% acima do montante do ano anterior, que foi de R$ 333 milhões.
SOBRE A AJP
Associação Brasileira do Jogo Positivo (AJP) mira incentivar o jogo responsável e seguro, com foco em práticas de integridade e proteção de stakeholders. Chama para si o papel fundamental na transformação e profissionalização do setor de apostas esportivas, jogos online e cassino, contribuindo de diversas formas, como por exemplo:1. Promoção de práticas responsáveis: a associação enfatiza a importância de uma cultura de jogo seguro e consciente, incentivando estratégias, princípios e condutas que protejam os apostadores e assegurem um ambiente de entretenimento ético.
2. Integração de soluções inovadoras: ao estreitar laços com o setor segurador, a entidade busca desenvolver produtos e coberturas específicas para a indústria gambling. Isso não só mitiga riscos, mas também fomenta a inovação, protegendo os investimentos e ampliando a credibilidade do setor.3. Fomento à sustentabilidade e ao crescimento econômico: promovendo umaabordagem que integra segurança, tecnologia e responsabilidade, a associação.

Author jpjunior

Jornalista profissional há mais de 25 anos, ex-editor do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, carioca e apaixonado por futebol. Vive na cidade de Itaboraí, a 50 quilômetros do Rio de Janeiro, com sua esposa Leide e o filho Bernardo.